Segunda-feira, 1 de Dezembro de 2008
A 14ª Conferência de Poznan corresponde no fundo a um conjunto de sessões: a mais importante é a Conferência das Partes que reúne pela 14ª vez os países que assinaram e ratificaram a Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Simultaneamente decorre a 4ª reunião da Conferência das Partes dos países que ratificaram o Protocolo de Quioto (sessão que tem lugar desde que o Protocolo entrou em vigor em Fevereiro de 2005). A Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas tem dois órgãos denominados de órgãos subsidiários a apoiam em determinadas matérias: o órgão subsidiário de implementação (SBI - Subsidiary Body for Implementation em inglês) e o órgão subsidiário de consulta científica e tecnológica (SBSTA - Subsidiary Body for Scientific and Technological Advice). Enquanto a Convenção reúne uma vez por ano, os órgãos subsidiários habitualmente reúnem duas vezes por ano (uma em Maio e outra durante a primeira parte da reunião anual da Convenção antes do segmento de Alto Nível com a presença dos Ministros do Ambiente. Inicia-se assim também hoje as 29ªs reuniões de cada um dos dois órgãos subsidiários.
Por último, existem dois denominados “grupos de trabalho”, um grupo (Ad Hoc Working Group on Further Commitments for Annex I Parties under the Kyoto Protocol) que reúne pela 6ª vez sobre os compromissos futuros dos países desenvolvidos no quadro do Protocolo de Quioto e que envolve todos os países que ratificaram o Protocolo e um outro (Ad Hoc Working Group on Further Commitments for Annex I Parties under the Kyoto Protocol ) que foi criado na Conferência do ano passado e que tem por missão discutir e implementar o “Roteiro de Bali” (um conjunto de tarefas a desenvolver no sentido de se chegar a um acordo pós 2012 a assinar em Copenhaga em Dezembro de 2008) e que envolve todos os países da Convenção (Estados Unidos incluídos), e que aqui tem a sua 4ª reunião.
Sexta-feira, 28 de Novembro de 2008
Com a crise económica em pano de fundo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Poznan, dá início à negociação do acordo climático pós-Quioto, pós-2012.
Mesmo com a ausência da nova equipa do Presidente eleito dos EUA, que já se mostrou mais disposto a entrar num acordo global do que a administração Bush, que “rasgou” Quioto, Poznan deve activar a negociação do futuro protocolo, no momento em que as emissões mundiais de gases de efeito de estufa nunca foram tão altas.
As emissões dos países em desenvolvimento já totalizam mais da metade das emissões mundiais, e a China tornou-se o primeiro poluente à escala planetária.
Desde a entrada em vigor de Quioto, em 2005, as negociações climáticas acontecem em dois patamares. Por um lado, a Conferência das parte da Convenção para as Alterações Climáticas (com 192 países) e o Protocolo de Quioto.
Até agora, apenas os 37 países industrializados signatários do Protocolo estão sujeitos a metas de redução de suas emissões poluentes até 2012, o que levou os EUA a rejeitarem o tratado.
Das duas uma: Ou o novo acordo decide uma nova vida para Quioto, modificado e ampliado aos países das economias emergentes, ou, sobre adopta um "Protocolo de Copenhaga", que englobe todos os países e permita, sobretudo aos EUA, sair do zero.
Mas para já a palavra de ordem dos negociadores é para avançar no “Roteiro de Bali”. "É claro para todos que isto não pode continuar assim", comentou um diplomata ocidental, que não se quis identificar. "Até aqui, multiplicamos as opções sobre a mesa. A próxima etapa será limitá-las, caso contrário, chegaremos com 1.000 páginas a Copenhaga e assim não teremos nenhum acordo".
Em Poznan, é esperada a presença do secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon, e do Prémio Nobel da Paz e ex-vice-presidente americano Al Gore.
Nos dias 11 e 12 de Dezembro decorre uma mesa-redonda dos ministros do Ambiente, para uma troca de opiniões sobre uma "visão compartilhada" de longo prazo da luta contra as alterações climáticas.
Essa visão, que tem como perspectiva o ano de 2050, deverá reflectir as ambições de cada um na redução de suas emissões poluentes e na preservação do clima.
Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008
Esta é a 14ª conferência das partes da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, um longo caminho de negociações globais foi preciso para aqui chegar, aqui ficam alguns dos momentos chave.
1988 – A Organização Meteorológica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Ambiente criam o Grupo Intergovernamental de especialistas para a evolução do clima (IPCC, da sigla em inglês), a pedido do G7 (grupo dos países mais industrializados).
1990 – O IPCC publica o seu primeiro relatório, confirmando as responsabilidade do Homem no aumento do efeito de estufa no planeta Terra.
1992 – Adoptada, na cimeira do Rio, por 192 estados, a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas. Os signatários declaram-se “dispostos a preservar o sistema climático para as gerações presentes e futuras”.
1997 – Conclusão do protocolo de Quioto, actualmente ratificado por 183 países. Entra em vigor em Fevereiro do ano 2005 e impõem aos 37 industrializados e à União Europeia objectivos de reduzir, até 2012, as emissões dos seis principais gases causadores do efeito de estufa, entre eles, o C02 (dióxido de carbono) e o metano.
2001 – Os EUA, responsáveis por ¼ das emissões mundiais de gases de efeito de estufa, rejeitam o Protocolo de Quioto por julgarem que trás grandes custos para a sua economia e é “injusto”, pois nem a China nem nenhuma das economias emergentes foi contemplada por metas de redução das emissões de gases.
2007– É publicado o quarto relatório do IPCC. O documento prevê um aumento provável de 1,8 a 4 graus C daqui até ao ano 2100, em relação a 1990. De acordo com os dados analisados o clima mundial teve nos últimos 100 anos um aumento da temperatura de +0,74 graus C. Os especialistas recomendam que até 2015 é preciso fazer cair os níveis de emissões sob pena do aquecimento global ser superior a 2 graus, até ao fim deste século.
2007 – Em Dezembro, a comunidade internacional adopta o “Roteiro de Bali” que estabelece a meta de 2009, na Conferência do Clima em Copenhaga, para a conclusão de um novo acordo destinado a estender os compromissos de Quioto para além do ano 2012.